FOrA / Newsletter 7 / 5 Julho

Imagem FOrA 2015

A segunda edição do Festival da Oralidade do Algarve terminou ontem, já noite alta, com a Antiga Lota de Portimão a encher-se de gargalhadas.

Começámos pelo fim, mas é preciso recuar até ao início. Se logo no primeiro dia FOrA fomos guiados pela moura Floripes até às lendas e memórias das gentes de Olhão, no dia seguinte, os nossos guias foram outros – os antigos operários da Fábrica Feu que partilharam com os visitantes do Museu Municipal de Portimão um pouco das suas vidas com sabor a mar. A noite continuou com música e conversa. Primeiro, a Orquestra de Acordeãos da Academia de Música de Lagos, dirigida por Gonçalo Pescada, encantou a plateia com a sua mestria e com este som que diz tanto sobre a nossa região. Depois, a palavra foi passada a quem trabalha de perto com o património oral regional: Ana Patrícia Ramos (Museu Municipal de Portimão), Idalina Nobre (grupo de trabalho de Património Cultural Imaterial da Rede de Museus do Algarve) e Emanuel Sancho (Museu do Trajo de São Brás de Alportel) partilharam as suas experiências e conhecimentos.

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Na quinta-feira, rumámos a Alvor de encontro às suas tradições mais profundas. Fomos apresentados às mezinhas e benzeduras, às ervas, chás e unguentos que curam tudo, de braços torcidos a mau-olhado. Já “descarregados”, pusemos mãos à obra porque havia muito milho para descascar. E durante a descasca ouviram-se cantares, histórias e até uma ou outra praga. Amaldiçoade! Resultado final: milho-rei 2 – enfado 0.

Alvor 3

O FOrA é para todas idades. E assim se viu ao longo de todos os dias do festival. Porém, na sexta-feira, os mais pequenos tiveram um momento especialmente dedicado a eles. Começaram a tarde a brincar com as palavras, conduzidos pela terapeuta da fala Elsa Glória (Clínica ASAS) e continuaram a brincadeira com as linquintinas do Algarve, aprendendo tudo o que é possível fazer com a nossa língua e surpreendendo-se com a língua destravada de D. Leonor, Moça Nagragada de Boliqueime (associação APEOralidade).

Entretanto, na Antiga Lota de Portimão, a festa já havia começado com o Grupo Canto Renascido, conduzido pelo maestro António Vinagre. Vozes afinadas fizeram soar os cantares tradicionais do Algarve e animaram a tarde que continuou com a descoberta do projecto TASA – Técnicas Ancestrais, Soluções Actuais. Sara Fernandes (PROACTIVETUR) e Catarina Cruz (CCDR Algarve) apresentaram-nos este projecto original que alia o “saber fazer” dos artesãos algarvios e as tradições que passam de geração em geração com novas técnicas e conhecimentos capazes de elevar o artesanato a um outro patamar.

Margarida

Do artesanato à fé do povo. Margarida Tengarrinha e Conceição Cruz trouxeram ao FOrA a riqueza e expressividade da religião popular enquanto elemento identitário e congregador. Foi o momento de pensar o que se vira e vivera nos dias anteriores. Depois, o palco foi ocupado pelo medronho. Os confrades desta bebida tão tradicional da região algarvia apresentaram-nos, de forma deveras original, como a apanha e a destilação do medronho é bem mais do que um processo artesanal, mas também um espaço de sociabilidade. Depois, a Confraria encheu a Antiga Lota de Portimão com os cantares que tradicionalmente acompanham a destila. A música tradicional do Algarve continuou e da serra chegámos ao barrocal. As Moças Nagragadas, bem acompanhadas, brindaram uma graciosa moldura humana com os cantares e os dizeres tradicionais de Albufeira, Paderne e Boliqueime.

Nagragadas

A noite continuou fora. Marcelo Rio e o seu acordeão convidaram os portimonenses, e não só, a um pezinho de dança e a animação fez-se ouvir pela zona ribeirinha até por volta de meia-noite. Então, com a lua cheia, as portas da Antiga Lota abriram-se aos mitos urbanos. Trocámos histórias, mais ou menos verossímeis, num ambiente intimista. Às vezes, não é necessário ver para crer.

E chegámos ao último dia do FOrA. O sábado começou bem com as artes e ofícios tradicionais. Um simpático grupo de artesãs de Alvor mostraram-nos como se converte a palma em cestos, abanicos, alcofas e muito mais. Ao lado, o Sr. Delmiro Barros trouxe de Lagos uma arte que trata por tu: o biqueirão. Os mais atentos conseguiram aprender os truques deste petisco. Do salgado ao doce, que se diz fino, D. Encarnação e D. Prazeres, doceiras de Portimão, trabalharam o maçapão e os fios de ovos e transformaram-nos em porquinhos, cestos, espigas, e muito mais. Simplesmente delicioso!

De boca doce, o sotaque até sai melhor. A verdade é que é em algarvio que nos entendemos e Maria Alice Fernandes, Dário Guerreiro e Sérgio Brito provaram-nos que assim é. O dialecto algarvio como expressão da identidade regional que urge preservar esteve em discussão. Ficámos a saber quais as suas origens e influências e o que tem de único.

Baile Marcelo

Já o sol se tinha escondido, a música voltou ao palco. Os Amigos da Figueira abriram o baile que continuou ao som do acordeão de Pedro Silva. Neste baile FOrA, muitos arriscaram agarrar no seu par e saltar para a pista. Uma noite de sábado animada que terminou dentro de portas. Sentados ou de pé, a Antiga Lota ficou a abarrotar com quem quis ouvir as anedotas de D. Alzira (de fazer corar as negras paredes) e partilhar uma amena cavaqueira com o Môce dum Cabreste. Até o Arade se riu a bandeiras despregadas com estes dois.

E assim chegou ao final mais um FOrA, com a promessa de que para o ano há mais.

FOrA / Newsletter 6 / 4 Julho

A noite de sexta-feira já acabou a horas tardias. Mas a energia tem de estar renovada para mais um dia FOrA.

Sábado é o último dia do Festival da Oralidade do Algarve. Mas todos sabemos que o melhor pode ficar para o fim. E neste sábado, todos os passos vão dar à Antiga Lota de Portimão. Aqui fica o lembrete: 17.30 – Oficinas. As artes e ofícios tradicionais entram no festival pela porta da frente. O Sr. Delmiro Barros ensina-nos a arte do biqueirão, cheia de sabor e saber. Outra arte, a de transformar a palma em cestos, alcofas e muito mais, chega directamente de Alvor. Aponte estes nomes: Diamantina, Lurdes, Maria Rosa, Maria das Dores, Isabel Luísa e Celeste Faustino vão torná-lo um virtuoso da empreita. Mais doce será a oficina que se segue. D. Encarnação e D. Prazeres revelarão os segredos da gula à algarvia. Fique a conhecer por dentro a doçaria regional e delicie-se.

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Barriguinha cheia de novos saberes, passemos à conversa. Sábado é dia de falar algarvio, ou melhor, de falar sobre o falar das nossas gentes. O sotaque e as expressões linguísticas típicas do Algarve dão azo à discussão com a professora Maria Alice Fernandes (Escola Superior de Educação e Comunicação da Universidade do Algarve), o humorista Dário Guerreiro e o escritor Sérgio Brito.

Amigos Figueira

À noite, os Amigos da Figueira brindam-nos com a música e os cantares tradicionais do Algarve. Será pelas 21.30, frente à Antiga Lota. Depois, é hora de baile. Calce os seus sapatos mais confortáveis e dance muito ao som de Pedro Silva. Com par ou sem par, a festa é certa.

Moce

E como termina o FOrA 2015? Com fortes gargalhadas. Apresentando: D. Alzira, senhora de muitos talentos, vinda directamente da Mexilhoeira Grande. O seu talento? É capaz de arrancar um riso sonoro ao mais sisudo só com as suas anedotas. E, para terminar da melhor forma, o convite é para uma Amena Cavaqueira com o Môce dum Cabreste. Não se perde uma conversa assim.

Olhe que não é tarde. Se ainda não está por dentro, só tem uma coisa a fazer: ir ao FOrA.

Monchique Fashion Night

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O “Monchique Fashion Night” realiza-se este sábado à noite, 4 de julho, no Largo de S. Sebastião, às 21h00. A iniciativa vai aliar a moda à dança e à animação.
O evento organizado pela Teia D´Impulsos, em colaboração da Câmara Municipal de Monchique, «pretende dinamizar a vila e proporcionar a todos, participantes e público em geral, uma noite agradável»

Na passarela vão desfilar 42 crianças e 21 adultos entre os 4 e os 30 anos, que foram selecionados no casting.
Segundo a organização, o evento é ainda «uma oportunidade para promover o comércio local».
Para além dos modelos, o desfile conta com a participação das Classes de Ginástica Rítmica do Clube Desportivo e Cultural da Nave e com o Grupo de Dança do Boa Esperança Atlético Clube Portimonense.

FOrA / Newsletter 5 / 3 Jul

Alvor 1

A quarta-feira FOrA foi de festa em Alvor. As mezinhas das nossas avós foram relembradas pelas mulheres alvoreiras. As benzeduras, as ervas e as rezas contra o mau-olhado fizeram-se ouvir no Castelo de Alvor. E à noite houve descasca do milho, entre histórias, cantares, pragas e muitas gargalhadas.

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A festa continua hoje, no dia grande do FOrA.
Primeiro, os mais pequenos. Na Casa Manuel Teixeira Gomes, o FOrinha traz actividades especialmente direccionadas para as crianças e jovens. Às 15.00, a Clínica Asas promove o workshop “Vem brincar com as palavras”. A proposta é aprender de uma forma lúdica e divertida, desenvolvendo as capacidades linguísticas e a consciência fonológica dos mais pequenos num ambiente em que é privilegiado o jogo e a brincadeira. O workshop estará a cargo da terapeuta da fala Elsa Glória e destina-se especialmente a crianças entre os 4 e os 5 anos.

Depois, é a vez de conhecer a riqueza linguística das gentes do Algarve pela voz das Nagragadas. Os mais jovens vão ser seduzidos pelas lengalengas, envolver-se em exercícios breves de ortofonia com os travalínguas, reagir às quadrinhas e descobrir o sistema linguístico como espaço singular e apetecível de intervenção lúdica e de livre criatividade, despertando para o interesse pela língua materna. Esta sessão é promovida pela associação APEOralidade, sediada em Albufeira e com origens em Paderne. A introduzir as linquintinas às crianças, e não só, teremos D. Leonor, Moça Nagragada com uma língua mais rápida que a própria sombra.

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Da Casa Manuel Teixeira Gomes, o FOrA passa para o edifício da Antiga Lota de Portimão. E a tarde junto ao rio começa com música. O Grupo Canto Renascido actua às 17.00 com os cantares tradicionais algarvios. Venha ouvir estas vozes cheias de memórias.

Pelas 17.30, a tradição encontra a inovação no projecto TASA – Técnicas Ancestrais, Soluções Actuais. Sara Fernandes (PROACTIVETUR) e Catarina Cruz (CCDR Algarve) apresentarm este projecto que conjuga a cultura tradicional regional ao nível do artesanato com a inovação estratégica, em termos de design, história do produto, embalagem e imagem, com o objectivo de divulgar a actividade artesanal como uma profissão de futuro. O resultado são produtos artesanais dotados de uma linguagem contemporânea e direccionados para o mercado.

TASA

18.30, hora para uma conversa FOrA: “A Fé do Povo: religiosidade popular do Algarve”. As orações, as benzeduras, as superstições, as mezinhas e até as pragas são motivo para a partilha de ideias e experiências com Margarida Tengarrinha e Conceição Cruz. As crenças do povo e as suas reacções face ao desconhecido e ao medo serão levadas a debate e reavivadas na memória.

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O próximo momento é dedicado ao medronho. A apanha do fruto, a destila, o momento de sociabilidade criado em torno desta prática tão tradicional do Algarve vai ser apresentado e explicado por quem melhor o conhece: a Confraria do Medronho. Às 19.30, todos estão convidados para ficarem a saber um pouco mais sobre a bebida que é também um ex-libris da região algarvia. Depois, às 20.30, a Confraria dá-nos música. Inebriante!

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Depois, D. Leonor reúne-se às restantes Moças Nagragadas que, pelas 21.30, encherão o palco da Antiga Lota de Portimão com cantares populares tradicionais. Com coordenação musical a cargo de Nélson Conceição e coordenação literária da responsabilidade de José Ruivinho Brazão, o grupo Moças Nagragadas existe desde 2003, a manter viva a memória das gentes do barrocal.

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Segue-se o momento de abanar o esqueleto com o baile FOrA. Marcelo Rio e o seu acordeão marcam o ritmo. Dois para cá, dois para lá e está o baile em marcha.

A noite não acaba aqui. Acreditem ou não, há mitos urbanos na Antiga Lota. É a partir das 24.00. E só acaba quando se acabarem as histórias.

 

FOrA / Newsletter 4 / 2 Jul

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Ontem, viajámos pelas memórias do Museu de Portimão guiados pelas histórias e saberes de quem fez da vida na fábrica o seu ganha-pão. À noite, brindámos os nossos ouvidos com as harmonias dos acordeões da Academia de Música de Lagos e acabámos a noite a pensar e a repensar o lugar do património oral no espaço museológico.

Hoje, o FOrA, no seu 3º dia, faz a trouxa e vai até Alvor, essa vila piscatória cujas gentes guardam um precioso tesouro de dizeres, histórias, práticas e tradições que urge partilhar.

O ponto de encontro é o Castelo de Alvor, pelas 18.30. Ali encontrará o remédio para todos os males. Afinal, o FOrA em Alvor vai começar com uma oficina de mezinhas populares. Conheça as rezas e benzeduras, os chás e os unguentos, o dom de aliar a natureza às tradições na busca da solução para a dor e a doença. Não há mau-olhado ou quebranto que resista!

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A noite chega a Alvor com a recriação de uma prática agrícola ancestral: a descasca do milho. Pelas 21.00, assista e participe na festa que, por tradição, sempre se associou ao acto de descascar manualmente as maçarocas de milho, um momento de convívio entre as gentes do lugar, quando eram partilhadas histórias, entoados cantares e que até tinha lugar para um pezinho de dança e um copito de medronho. O nosso convite para a noite de quinta-feira do FOrA é que entre nesta festa e partilhe da reconstituição de um momento-chave do quotidiano agrícola das gentes do Algarve.

O dia do FOrA em Alvor conta com a organização da associação ALVORecer.

FOrA / Newsletter 3 / 1 Jul

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Depois de uma noite com a moura, hoje o dia é passado no Museu.

Pólo de difusão cultural e espaço de descoberta das origens e da evolução da comunidade, do seu território e dos aspectos mais marcantes da sua história industrial e marítima, o Museu de Portimão encontrou na memória oral um alicerce para a concepção do seu percurso museológico. Pelas 18.00, vamos escutar essas “Histórias com sabor a mar” pela voz dos seus protagonistas. Eles nos guiarão com as suas memórias numa viagem emotiva pela exposição permanente do Museu de Portimão.

A noite começa com música. Às 21.00, a Orquestra de Acordeões da Academia de Música de Lagos, dirigida por Gonçalo Pescada, leva a música ao auditório do Museu de Portimão. Depois, é hora de reflectir sobre a relação entre o património oral e o espaço museológico. A discussão está aberta com Maria Luísa Francisco, investigadora e delegada regional da Associação Portuguesa de Museologia (APOM), Ana Patrícia Ramos, antropóloga do Museu de Portimão, e Idalina Nobre, coordenadora do grupo de trabalho de Património Cultural Imaterial da Rede de Museus do Algarve.

Como vê, são muitas as razões para passar uma quarta-feira (no) FOrA.