Artigo de Opinião
Luís Brito, Presidente da Teia D’Impulsos
“O movimento associativo tem, nos últimos anos, sofrido um conjunto significativo de imposições legais e procedimentais que levaram à obrigatória mudança de paradigma do dirigismo associativo. Deixou de ser sustentável as associações viverem com base numa gestão em que “cada um dá o que pode”. A gestão dos recursos humanos, as obrigações legais, a informatização dos processos e a dinâmica social e económica do século XXI impõem aos dirigentes um novo posicionamento e compromissos com maiores responsabilidades e conhecimento. Esta nova realidade só após mais de 20 anos deste novo século, começa a ser considerada por dirigentes que, pela sua enorme dedicação, espírito de missão e conhecimento das atividades, das suas associações, entendem a necessidade de se profissionalizarem.
A profissionalização dos recursos humanos nas associações iniciou-se há muito, nomeadamente nas IPSS, cujas atividades que desenvolvem implicam a presença de técnicos especializados. Hoje, muitos desses técnicos assumem cargos de direção aproximando a gestão da operação, os recursos das necessidades e a inovação da missão. Em termos latos, a sustentabilidade das associações deixou de estar suportada no voluntarismo e boa vontade e passou a alicerçar-se na visão e na profissionalização.
As exigências legais e processuais, para além da responsabilidade legal, só têm uma resposta adequada quando alicerçadas na profissionalização ou, no outro extremo, no voluntariado garantido por total disponibilidade. De forma simples, é imperativo cada vez mais tempo e mais conhecimento, que não é mais do que dotar as associações de técnicos especializados e de dirigentes profissionalizados. Este novo paradigma sustenta-se, muitas das vezes, na dupla função de dirigente e técnico, mais que não seja pela escassez de pessoas disponíveis para o associativismo.
Este novo paradigma do dirigismo e da gestão das associações desperta, à partida, duas visões para a sustentabilidade. Como pagar todas estas remunerações? E que oportunidades se abrem com a profissionalização dos recursos humanos ligados às associações? As associações têm de deixar de ser entendidas como um grupo de pessoas, muitas vezes um grupo de amigos, que fazem umas coisas em prol da comunidade do território onde têm a sua sede. Pelo contrário, as novas tecnologias e a cada vez maior mobilidade projetam nas associações a responsabilidade de expandirem a sua área de intervenção, quer em termos geográficos quer em termos sociais.
Ao se agregar a especialização e a profissionalização da gestão das associações às oportunidades que as tecnologias e o conhecimento possibilitam, será possível inovar e implementar soluções, com modelos de negócio, e com impacto que por si só alavanquem a sustentabilidade, nas suas várias dimensões.
O futuro das associações assenta, assim, na profissionalização.“
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