A quarta-feira FOrA foi de festa em Alvor. As mezinhas das nossas avós foram relembradas pelas mulheres alvoreiras. As benzeduras, as ervas e as rezas contra o mau-olhado fizeram-se ouvir no Castelo de Alvor. E à noite houve descasca do milho, entre histórias, cantares, pragas e muitas gargalhadas.
A festa continua hoje, no dia grande do FOrA.
Primeiro, os mais pequenos. Na Casa Manuel Teixeira Gomes, o FOrinha traz actividades especialmente direccionadas para as crianças e jovens. Às 15.00, a Clínica Asas promove o workshop “Vem brincar com as palavras”. A proposta é aprender de uma forma lúdica e divertida, desenvolvendo as capacidades linguísticas e a consciência fonológica dos mais pequenos num ambiente em que é privilegiado o jogo e a brincadeira. O workshop estará a cargo da terapeuta da fala Elsa Glória e destina-se especialmente a crianças entre os 4 e os 5 anos.
Depois, é a vez de conhecer a riqueza linguística das gentes do Algarve pela voz das Nagragadas. Os mais jovens vão ser seduzidos pelas lengalengas, envolver-se em exercícios breves de ortofonia com os travalínguas, reagir às quadrinhas e descobrir o sistema linguístico como espaço singular e apetecível de intervenção lúdica e de livre criatividade, despertando para o interesse pela língua materna. Esta sessão é promovida pela associação APEOralidade, sediada em Albufeira e com origens em Paderne. A introduzir as linquintinas às crianças, e não só, teremos D. Leonor, Moça Nagragada com uma língua mais rápida que a própria sombra.
Da Casa Manuel Teixeira Gomes, o FOrA passa para o edifício da Antiga Lota de Portimão. E a tarde junto ao rio começa com música. O Grupo Canto Renascido actua às 17.00 com os cantares tradicionais algarvios. Venha ouvir estas vozes cheias de memórias.
Pelas 17.30, a tradição encontra a inovação no projecto TASA – Técnicas Ancestrais, Soluções Actuais. Sara Fernandes (PROACTIVETUR) e Catarina Cruz (CCDR Algarve) apresentarm este projecto que conjuga a cultura tradicional regional ao nível do artesanato com a inovação estratégica, em termos de design, história do produto, embalagem e imagem, com o objectivo de divulgar a actividade artesanal como uma profissão de futuro. O resultado são produtos artesanais dotados de uma linguagem contemporânea e direccionados para o mercado.
18.30, hora para uma conversa FOrA: “A Fé do Povo: religiosidade popular do Algarve”. As orações, as benzeduras, as superstições, as mezinhas e até as pragas são motivo para a partilha de ideias e experiências com Margarida Tengarrinha e Conceição Cruz. As crenças do povo e as suas reacções face ao desconhecido e ao medo serão levadas a debate e reavivadas na memória.
O próximo momento é dedicado ao medronho. A apanha do fruto, a destila, o momento de sociabilidade criado em torno desta prática tão tradicional do Algarve vai ser apresentado e explicado por quem melhor o conhece: a Confraria do Medronho. Às 19.30, todos estão convidados para ficarem a saber um pouco mais sobre a bebida que é também um ex-libris da região algarvia. Depois, às 20.30, a Confraria dá-nos música. Inebriante!
Depois, D. Leonor reúne-se às restantes Moças Nagragadas que, pelas 21.30, encherão o palco da Antiga Lota de Portimão com cantares populares tradicionais. Com coordenação musical a cargo de Nélson Conceição e coordenação literária da responsabilidade de José Ruivinho Brazão, o grupo Moças Nagragadas existe desde 2003, a manter viva a memória das gentes do barrocal.
Segue-se o momento de abanar o esqueleto com o baile FOrA. Marcelo Rio e o seu acordeão marcam o ritmo. Dois para cá, dois para lá e está o baile em marcha.
A noite não acaba aqui. Acreditem ou não, há mitos urbanos na Antiga Lota. É a partir das 24.00. E só acaba quando se acabarem as histórias.